quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lágrimas

Lágrimas: Eu as tenho
Eu as uso
em minha defesa
em meu socorro.

Lágrimas nunca
me afogaram.

Lágrimas
nunca mataram
minha sede.

Lágrimas criaram lodo
em meus olhos
e fiquei úmido
por dentro.

Deixe que eu diga, então:
Minhas lágrimas são o meu sangue
que circula fora do corpo.

Recife, 17/06/2010.

Nota: Poema lido no Sarau Interpoética, dia 7/07/207, minha primeira participação em um sarau, aos 41 anos.
Para Stella Maris e Cida Pedrosa.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Profecia

A minha profecia
era morrer jovem
antes do almoço
com meus avós.

Mas fiquei de pé
sem os imperativos
da saudade.

Passar, passei
em meio às alterações
assombros, desvios.

A minha profecia
era viver pouco
e adormecer
após o cansaço.

Mas fiquei no caminho
com o antebraço voltado
para a luz.

E nada voltou
ao colo maduro
da vida.

Recife, 12/01/2010.