sexta-feira, 2 de março de 2007

Não sei

Não sei dar flores
sei plantar

Não sei pedir
mas estendo as mãos

Não sei voar
mesmo com asas

Não sei escrever cartas de amor
mas consigo postar

Não sei falar olhando para o chão
do coração

Não sei falar
embora a boca tanta

Não sei chorar
mas tenho um rosto para dar

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Dentro da vida (fragmento)

Dentro da vida reinvento a morte desfaço o vício de sofrer que grudou à pele com Superbonder ou cola Tenaz.

Dentro da vida resvalo na alegria que perdi um dia em algum desencontro perfeito, este que veio de dentro de mim.

Escuto a voz poderosa de algum ente querido (esquecido do meu farto ouvido) a soberana mensagem “aguarde”, e me deito ao solo como um santo em sua terra natal, com sua pistola de ar comprimido.

Dentro da vida enfeito os olhos me refestelo meço o alvoroço a nova pele me regenero (pondo no rosto o nariz de brinquedo que me fartou o desejo de ser santo ou cão) eu agora não penso em silêncio não empresto meus préstimos ao desalento digo “isso não quero” - o resto é o terremoto de sempre – já sei viver entre os escombros.