terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aos que sangram

Tive vontade de juntar-me aos cossacos
aos navajos
aos contrabandistas do espanto
embora tanta luz
me perseguisse.

Fui engabelado pelas hostes.
Levaram meus cabelos, sapatos,
vestígios, tempestades
levaram meus doze trabalhos
manuscritos sem nome.

Na fuga, queimei
o evangelho escuro que me atordoava.

Os cossacos passaram há pouco.
Os navajos, soube por gritos
foram mortos
em atribulados conflitos.

Vejo a poeira que resta
lembro das cinzas que comi
e junto-me aos que sangram
nesta mesma multidão.

Aurora, 14, 20 e 22/XI/2010