terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Confissão

Os primeiros poemas que escrevi
ainda era o tempo de outros animais
dinossauros circulavam
cosmicidades deambulavam
eu nem tinha esses sonhos medonhos.

Depois me veio um silêncio, umas cavernas
Platão me deu pontapés
escapei de fogueiras e brasas
Por precaução, sempre tomava
duas colheres de sopa
de algum xarope distante.

Agora, dei para criar dentes
rasgar as gengivas
falando coisas imprevistas

Cismei de sentar ao meio-fio
pasmar
alimentar esse animal selvagem,
a esperança.

Agora quero deixar essa cruz
em alguma esquina
olhar o ponto invisível do advento
e levar num pires, envolto em brumas
essa poesia que me vence.

Rio de Janeiro, 21/01/2008