sábado, 28 de julho de 2012

Junção

Juntarei meus olhos aos teus.

Sem paixão, sem rancor, sem promessas.

Apenas olhos, na constância

De um plano silencioso

(Um segredo tão forte

Quanto uma lembrança da infância).

Meus olhos também secos

Também imperturbáveis

(Que se julgavam tão expressivos)

Nada dizem.

São coisa nenhuma

Arquivos de quebras, tormentas, naufrágios

Pedidos, avisos, sobras

Das coisas que nunca fui

Nunca serei.

Meus olhos, como os teus

Um dia se deslumbraram com uma imagem

Que se perdeu

(como a de um circo que atravessa a cidade

e não fica).