O pouco
É o que tenho, e é pouco.
Mas sei que me serve
que não se quebra por pedras
ou ossos.
De tão pouco, a mim sustenta.
Se o roubarem,
deixarão frustrados a prenda
à beira do caminho.
De nada serve para ti, estranho,
minha migalha enfeitada
meu jardim carcomido.
Meu pão tem outro nome
Meu branco costumeiro
atravessa o dia como nuvem
sem céu.
O que tenho é tão pouco
Que o chão desdenha.
Mas sei que me serve.
Um dia, talvez te salve.
Aurora, 27.05.2011