terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dentes


Seu irmão tirou ontem

Os últimos quatro dentes,

Disse minha mãe.

Com a chapa, ficará melhor

Para mastigar

Acredita ele.

Institivamente, toquei os meus.

Estão aqui, esta herança em forma de osso.

Sempre tivemos dentes fracos.

Talvez a mistura dos carbonos, átomos

O DNA que veio sem cálcio

A indulgência reflexiva, quem sabe,

Instalou-se nas gengivas

Corroeu por dentro.
(Somos bons de pedras, não de ossos).

Procuro o antigo sorriso do irmão

Em fotos já vencidas

Vejo suas gengivas

A carne viva das gengivas

A dentadura ao lado do corpo que dorme

A boca murcha como uma flor.
 
Aurora, 02 e 03/09/2012.

2 Comentários:

Às terça-feira, setembro 11, 2012 , Anonymous Anônimo disse...

O tempo é implacável! E o poema emocionante e triste.

 
Às sábado, setembro 22, 2012 , Blogger Lê Fernands disse...

cada um com sua sina.



belo.
bj meu

 

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