sexta-feira, 29 de julho de 2011

Desordem

Aqui, na minha desordem
eu fico.

Entrelaço as pernas neste rumo
que as veias deram.

Tracei planos demais,
combati entorpecido
risquei tanto os mapas
que as ruas ficaram escuras
as casas cegas.

Já não há santidade, nem tesouro
nem pedras esquecidas
para colar às lembranças.

Respiro em voz baixa
na esteira de algo submerso
que não sei o nome.

Como o pó intacto sob as águas
como o ruído da manhã
que não sabe de si.

Mas lembro meu nome
plantado na boca de minha mãe
naquela noite.

Ali, eu haveria de ser
de estender um legado,
a febre do combatente novo.

Aqui, na minha desordem,
eu fico.

Ficar, esta forma de seguir
despojando os grãos.

Aurora, 27/07/2011.

2 Comentários:

Às quarta-feira, agosto 03, 2011 , Blogger Canto da Boca disse...

saber o nome já é um indício que é possível retomar os traços e planos.
poxa, sama, esse poema - pra variar, belo e cheio de metáforas, como sempre - dá-nos uma medida de tempo: infinito; espaço: infinito; de resistência: infinito e de uma possível resignação que deixa a vida meio morna, mas necessária em alguns momentos...

sei lá... fiquei a pensar, e quase nunca sei o que dizer diante da sua poesia!

 
Às domingo, agosto 28, 2011 , Anonymous Anônimo disse...

é lindo mesmo.

 

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