quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Migração dos desalentos

Samarone Lima

Meu desalento migrou
do meio-dia para a tarde
do coração para os olhos
do silêncio para outro silêncio

Meu desalento não precisa
ser explicado
não é de hoje, de amanhã
nem do nunca
sequer ele nasceu

Meu desalento é meu
e morrerá algum dia
em silêncio
como um adeus
contido

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Labirintos

Samarone Lima

Meu labirinto
Não veio de Creta
Veio do Crato

Meu touro é do zodíaco
Que cisca,
Com a vida
Comovida

Andei tanto à procura de algo
Que não sei se existe mais
cedo ou tarde
partirá o cais

Daqui a pouco decido
Se sigo
Se a vida
Ávida
Persiste

Neste poente
neste dormente

neste risco
de ser gente