quinta-feira, 9 de março de 2006

Fantasia interrompida

Por Samarone Lima

Eu fazia barquinhos de papel
barquinhos na areia
desfilava fantasiado de marinheiro
cantava "marinheiro só"
e não tinha visto nunca
um navio , um marinheiro
[mesmo que só

Eu fazia desenhos de casa com chaminé
aguardava o papai noé
pela chaminé
e meu pai nunca me disse
porque não tinha chaminé
em minha casa

Eu achava lindo a palavra esquilo
mas nunca vi um esquilo
em toda a minha infância

Um dia,
vi um elefante azul
no alto de uma árvore
e falei para minha família

então levei um beliscão do meu pai
que me dói até hoje

segunda-feira, 6 de março de 2006

Fui criado com flores

Samarone Lima

Fui criado com flores
e minha fome cresce a cada manhã

Daí minha imprecisão
meu cansaço
meu abandono
minha vontade de fuga

Nos dias de sol, floresço
arranco de mim a salavaçao no silêncio
crio formas para me afeiçoar aos mansos
e às pedras

Fui criado com flores
que ainda não vingaram
meu desbrochar é lento
ao contato com os olhos

Daí este meu riso de pedra
esta sobra de perdão que não se rende
esta flor mesma que não vinga
muito embora o silêncio.

Fui criado com flores

Samarone Lima

Fui criado com flores
e minha fome cresce a cada manhã

Daí minha imprecisão
meu cansaço
meu abandono
minha vontade de fuga

Nos dias de sol, floresço
arranco de mim a salavaçao no silêncio
crio formas para me afeiçoar aos mansos
e às pedras

Fui criado com flores
que ainda não vingaram
meu desbrochar é lento
ao contato com os olhos

Daí este meu riso de pedra
esta sobra de perdão que não se rende
esta flor mesma que não vinga
muito embora o silêncio.