Lágrimas
Lágrimas: Eu as tenho
Eu as uso
em minha defesa
em meu socorro.
Lágrimas nunca
me afogaram.
Lágrimas
nunca mataram
minha sede.
Lágrimas criaram lodo
em meus olhos
e fiquei úmido
por dentro.
Deixe que eu diga, então:
Minhas lágrimas são o meu sangue
que circula fora do corpo.
Recife, 17/06/2010.
Nota: Poema lido no Sarau Interpoética, dia 7/07/207, minha primeira participação em um sarau, aos 41 anos.
Para Stella Maris e Cida Pedrosa.
10 Comentários:
Aqui, nesse poema, a imagem não assume um caráter meramente ornamental e decorativo.
Em verdade, há o sentido da metáfora, mas nenhuma palavra se perde de todo nesse conjunto, quando analisa-se o sentido.
Não existe vagueza de expressão, nem mesmo ambiguidade ou multiplicidade de sentidos ou significados; mas em tudo, ao contrário, o leitor avisado há de perceber uma segurança no poema, uma precisão, certeza até do que costuma-se rotular como incerto (as próprias lágrimas revelam dores inimagináveis na alma e no corpo).
Portanto, o poema metaforicamente expresso (ungindo vivência e sensações) é o ensaio para uma percepção de que o tempo e o contínuo fluxo, provocaram úlceras, mas não denunciam no poeta desalento qualquer capaz de impedir sua caminhada.
Enfim, o poema apresenta uma nitidez, um realismo, de que só é vedadeiramente capaz o idioma da Poesia.
Ocorreu-me agora um trecho da prosa de Drummond (acho que está em "Confissões de Minas"). Vou ver e se conferir com o que estou pensando, trago para o blog.
Abraços
Esqueci, mas lembrei: o interpoética é de primeira qualidade. Belo trabalho de Cida Pedrosa e do todo o pessoal.
E achei a lição de Carlos Drummond de Andrade:
" Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. "
Na minha opinião, Samarone sacou tudo isso. É dos bons e pode rotular-se Poeta. Reafirmo: não sou crítico, nem jornalista, nem frequentador de rodas literárias, nem versejador frustrado, nem prosador idem, nem pretenso blogueiro, nem nada disso ou aquiloutro.
Apenas tenho minha opinião. E gosto, logicamente, de ler. E a Poesia manda.
Muito lindo...
de mobilizar lágrimas.
abraços,
Arsênio, esses seus comentários deixam o cara contente pra danar.
Aviso que tenho cadernos e cadernos de poesias para postar.
Samarone
Vamos em frente!
Como diria meu saudoso avô, o tempo urge.
Manda na lata, que eu escrevo.
A sinceridade é o único norte.
Não há outro.
Abraços
Está feliz? QuemerosPoemas cheio de comentários bacanas! beijos. Yvette
Vixe, que lindo!!!!!!
Amei.Bjos. Ana
Vixe, que bosta!!!!!!
Amei.Bjos. Anus.
Não o conhecia como poeta, muito bom.
Estou lendo com prazer e deleite!
Lágrimas necessárias!
Abraços
Olá
Sou a lisandra-que-leu-seu-livro-sobre-Cuba.
Então...dia desses li essa sua poesia e uns dias mais adiante estava lendo “Caprichos & relaxos”, de Leminski, quando vi uma coisinha que me lembrou imediatamente do seu blog e do seu poema:
“Enxuga aí
Vê se enxerga
Essa lágrima
Eu deixei cair
Examina
Examina bem
Vê se não é
Água da pedra
Ouro da mina
Essa gotadágua
Minha
Obra-prima”
(Paulo Leminski)
:)
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