quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Coisas de família

Minha mãe tem enxaquecas mensais
Minha tia tem dores seculares
numa coluna que nunca verga
Minha tia, depois da morte do tio Ademar
nunca mais sorriu
(e quando sorri, é o sorriso mais triste da foto)

Ainda quero conhecer a Índia
andar de camelo em plena tarde
e tomar rum em Cuba
anotando meus segredos

Depois eu penso em alguma dor
que seja minha por completo

2 Comentários:

Às quarta-feira, agosto 08, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Ainda quero morrer de tanta vida distribuída. Conhecer a Índia e tomar rum em Cuba, dançar ao som da Áustria, chorar de emoção na Rússia. Já andei de camelo um dia inteiro, agora quero andar de elefante. Os meus segredos eu vou espalhando em pedaços de outros livros e rasgos de papel escondidos, acreditando que um dia alguém encontrará. E também em pedaços de olhos e de gente porque não os quero só para mim, mesmo sem saber dizê-los. Ter nada que seja meu por completo, esse é o meu desejo, porque entendo que tudo antes de tudo se pertence a si mesmo. As minhas dores se afundam em outros olhos tristes e não suportariam a dor de serem minhas por completo, me afogariam nelas, se pertencendo. Tudo isso é um sonho? Acho que encontrei: os sonhos. Eles são completamente meus e plantá-los para regá-los e depois colher suas delicadezas junto com muitos é a maior das esperanças entre eles. Por isso vôo, por isso sigo, por isso fico, por isso amo, por isso sou, por isso dou, por isso quero, por isso dói e por isso cura.
Tão belo o poema que me deu a chance de uma nova confissão. Obrigada!
Un petit bisou pour toi
Hasta luego “Barbapapa”

 
Às quinta-feira, agosto 09, 2007 , Blogger Tenille Bezerra disse...

tal poema
qual comentário.
(lindos)
...os poetas sempre se merecem.

 

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