segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Tempo de vidro

I

Nasci o terceiro
Na linhagem dos homens

Os seios de minha mãe
Estavam gastos de outras bocas
E de longe
Mamei no tempo

Nasci com o sangue de minha mãe
Espargindo em meu corpo
A dor da vida

Minha avó foi a cativa
A me dar o pó da Via-Látea
Dissolvendo-o a colheradas
Em copos de geléia

Quando voltei
Ao seio de minha mãe
Morri de sede

A minha parte no mundo
Era destinada ao desconhecido
Que sempre fui

Então morri
e sobrevivi de minhas cicatrizes

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