domingo, 15 de abril de 2007

Segredos

Todos os dias deixo um pedaço de mim
no açougue mais próximo

No dia seguinte,
retorno e pego os ossos
para uma sopa

Depois de bebê-la
de raspar o prato
em silêncio
jogo os ossos ao meu cão
que o rói sem parar

Amanhã será o dia derradeiro:
deixarei as mãos e os dedos

na sopa dos meus últimos ossos
beberei meus segredos.

3 Comentários:

Às segunda-feira, abril 16, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

"basta-me ver um desses cães vadios,como aquele de junto à padaria, um verdadeiro vira-lata
e no entanto, por ele, arrancaria meu próprio fígado:toma, querido, sem cerimônia, come!" (Maiakovski)
un petit bisou pour toi

 
Às segunda-feira, abril 16, 2007 , Blogger Tenille Bezerra disse...

tenho estudado eliot e lembrado muito de ti... um poeta que conhece o vigor com tempo, e do tempo parece não levar mais do que a si mesmo.

"here I am, an old man in a dry month,
Being read to by a boy, waiting for rain.
I was neither at the hot gates
Nor fought in the warm rain
Nor knee deep in the salt marsh, heaving a cutlass, 5
Bitten by flies, fought.
My house is a decayed house,
And the jew squats on the window sill, the owner,
Spawned in some estaminet of Antwerp,
Blistered in Brussels, patched and peeled in London. 10
The goat coughs at night in the field overhead;
Rocks, moss, stonecrop, iron, merds.
The woman keeps the kitchen, makes tea,
Sneezes at evening, poking the peevish gutter.
I an old man, 15
A dull head among windy spaces."

( o trecho inicial de Gerontion )

um beijo

 
Às quarta-feira, abril 18, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Lindo!!!

 

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