quarta-feira, 15 de março de 2006

A poesia

Por Gustavo de Castro e Silva

Troco cinco poemas por um prato de sopa.
Escrevo versos podres num rolo de papel
desonrado, e jogo fora em serena descarga.

Não tenho honrado muito a velha poesia.
Talvez porque não esteja à altura dela.
Assim, leio poemas dos outros e sinto
como se fossem meus.
Afinal, poesia é poesia.
Não importa quem escreveu.

Começo um verso esperando nunca terminá-lo.
Mas ele quer, quer sair, desbastar, a mim, vir.

Não escrevo para ser poeta.

Escrevo porque não tenho saída.

Ou é isso.
Ou o nada.

E o nada, já tenho o bastante.

2 Comentários:

Às quarta-feira, março 22, 2006 , Blogger Yvette Maria Moura. disse...

Muito, muito bom.

 
Às quarta-feira, maio 03, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

adorei!! Continuarei lendo poesias como se fossem minhas...

 

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