sábado, 24 de dezembro de 2005

Reconhecimento

Samarone Lima

Reconheci tua voz em algum degrau
Desta escada que jamais subi
(tua mão tremia no meu compasso
e o sol, aquecido,
moveu seu próprio coração
como este pássaro sonoro e sem destino).

Amei tuas palavras
Fiz um som calmo para a nascente
E banhei meus rios
No teu corpo imaginário

Agora, convém
não deixar que te perpetues
Em meu futuro

Lutarei para te dar o altar que mereces
Com minhas mãos de operário
Mas não de suplicante

Sei que ultrapassas meu sentido
E que margeias meu horizonte
De pedras e calçadas (e algo não tão firme
Quanto meus olhos)

Revelarei meu sonho ao pássaro deste dia
Celebrando tua ausência como o caminho
da lembrança

E meus pés serão planetas desencontrados
Margeando o futuro nesta vontade patética

Pois que sei que és livre
Para o rumor da saudade
E tão belo quanto simples
É não deixar que o amor
Seja mais raiz que planta
Mais solidão que encontro

1 Comentários:

Às sábado, dezembro 24, 2005 , Anonymous Anônimo disse...

que triste, Saminha.

 

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