Reconhecimento
Samarone Lima
Reconheci tua voz em algum degrau
Desta escada que jamais subi
(tua mão tremia no meu compasso
e o sol, aquecido,
moveu seu próprio coração
como este pássaro sonoro e sem destino).
Amei tuas palavras
Fiz um som calmo para a nascente
E banhei meus rios
No teu corpo imaginário
Agora, convém
não deixar que te perpetues
Em meu futuro
Lutarei para te dar o altar que mereces
Com minhas mãos de operário
Mas não de suplicante
Sei que ultrapassas meu sentido
E que margeias meu horizonte
De pedras e calçadas (e algo não tão firme
Quanto meus olhos)
Revelarei meu sonho ao pássaro deste dia
Celebrando tua ausência como o caminho
da lembrança
E meus pés serão planetas desencontrados
Margeando o futuro nesta vontade patética
Pois que sei que és livre
Para o rumor da saudade
E tão belo quanto simples
É não deixar que o amor
Seja mais raiz que planta
Mais solidão que encontro
1 Comentários:
que triste, Saminha.
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