Dentes
Seu irmão tirou ontem
Os últimos quatro dentes,
Disse minha mãe.
Com a chapa, ficará melhor
Para mastigar
Acredita ele.
Institivamente, toquei os meus.
Estão aqui, esta herança em forma de osso.
Sempre tivemos dentes fracos.
Talvez a mistura dos carbonos, átomos
O DNA que veio sem cálcio
A indulgência reflexiva, quem sabe,
Instalou-se nas gengivas
Corroeu por dentro.
(Somos bons de pedras, não de ossos).
Procuro o antigo sorriso do irmão
Em fotos já vencidas
Vejo suas gengivas
A carne viva das gengivas
A dentadura ao lado do corpo que dorme
A boca murcha como uma flor.
Aurora, 02 e 03/09/2012.
2 Comentários:
O tempo é implacável! E o poema emocionante e triste.
cada um com sua sina.
belo.
bj meu
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial